27/02/09

Arame farpado dentro de mim...



Azar...
O arame farpado sempre esteve debaixo da minha pele.
Esteve sempre no mesmo lugar...
Há os que nunca descobrem e vão-se embora.
Mas há os que, na falta de sorte, se cortam cedo.
Cortam o dedo na primeira carícia.

26/02/09

Tatuei-te em mim...



Quando te conheci decidi tatuar em mim o sinal da mudança.

Tatuei uma lua e estrela no pescoço, na esperança de inventar a eternidade na minha pele.

A Lua e Estrela são envoltos em significados. Juntos, mostram a interacção dos astros como um sistema único que forma o universo como um todo, do qual nós fazemos parte.

Tatuei a passagem do tempo e o acerto dos nossos corpos.

Tatuei no meu corpo o que provocaste em mim e a partir daí os meus passos fundiram-se nos teus.

23/02/09

No Segredo das grandes procuras, é que nascem os grandes encontros...

Ás vezes, não pronunciamos no momento

oportuno as palavras que

gostaríamos de dizer,

com medo de parecermos ridículos

e imaturos...

Quantas vezes ficamos,

porque tivemos medo de partir.

Quantas vezes partimos,

porque tivemos medo de ficar.

Quantas vezes dizemos baixinho

o que na realidade

gostaríamos de gritar...

Mas na verdade, é com o Silêncio

e com os actos, que se diz tudo...

Solidão...



Quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma é porque estamos na solidão...

22/02/09



Só posso afirmar que ás vezes sou amada mais do que posso corresponder...

20/02/09

EU...



"O meu mundo não é como os dos outros,
quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada, com uma alma intensa,
violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudade sei lá de quê!"

Florbela Espanca

19/02/09

Máscaras...



Todos nós usamos máscaras. A máscara da felicidade, de mulher profissional, de amante, de divertida, de apaixonada, de segura de si, mesmo quando por dentro não é isso que sentimos.

Esta é a melhor a melhor altura para deixar cair a máscara.

Hoje, só hoje, deixa cair a máscara!

Dá oportunidade que os outros te vejam como realmente és.

Surpreende os outros, aposto que és capaz, mostra-te.

Se não fores capaz, não te surpreendas, que a vida seja um eterno Carnaval, que vivas com máscara, tu e as tuas outras personagens, por todos os dias da tua vida..

Um dia vamos querer tirar a máscara e fazer a dolorosa descoberta de não saber o que somos quando nos apercebemos que por trás da máscara sempre houve outra máscara.

A de fingir que sempre fomos “outros”.. Vamos sendo o que se espera de nós e nunca nós mesmos.

Hoje acordei profissional... Vesti o fato e coloquei a máscara.

Cheguei ao local de trabalho. Todos têm a sua máscara e todos gostam da minha... é mais fácil assim.

Talvez se me vissem sem máscara tivessem medo de tirar a deles.

Ou talvez mantivessem a sua máscara e gostassem na mesma de me ver sem a minha. Quem sabe?

Quanto tempo demora para que a máscara caia?

Seremos nós a própria máscara?

Quero acreditar que não... sei que não... vou-me olhar ao espelho e ver se reconheço o reflexo.

18/02/09

Infância...




Hoje lembrei-me de uma história engraçada da minha infância relacionada com bonecas.

Menina como era, as minhas prendas e brincadeiras favoritas eram as Barbies e os Ken, as filhas da Barbie, mais as amigas todas dela (eu devia ter umas 10 "amigas"). Enfim, aquilo eram histórias de divórcios, de violência doméstica, actrizes mal sucedidas, bailarinas aleijadas, autênticas histórias de faca e alguidar, dignas de novelas da vida real.

Quando eu tive a minha primeira Barbie, por volta dos seis anos, ela era a minha riqueza. Loura, com um fato de banho rosa choque, com os cabelos até à cintura, eu passava horas a penteá-la e a inventar histórias solitárias, em que lhe fazia a cama com os lenços de pano da minha mãe e jóias da minha irmã. Certo dia decidi levá-la a passear, não sei como aconteceu, mas acabei por perdê-la. Chorei dias a fio, só de pensar que ela estaria só e abandonada e que nada poderia fazer para reavê-la.

Para mim aquelas bonecas com corpo de modelo sempre foram parte importante da minha vida, ou melhor, da minha infância.

Mas nesse meu mundinho de criança eterna, as Barbies conectavam-me com esse mundo mais menina, faziam-me sonhar. Incentivaram a minha imaginação a funcionar a mil à hora, cada vez que a Barbie bailarina beijava o Ken com a sua roupa sexy de praia. E no fim do dia, os dois partiam no seu Ferrari vermelho para o seu destino, vivendo felizes para sempre.

Dispendia horas a criar casas, restaurantes, escritórios, discotecas, casas de amigas e só depois iniciava a brincadeira. Normalmente quando estava na hora de começar a brincar, já a minha mãe estava a chamar para jantar, lá voltava tudo rapidamente para dentro da caixa, porque no dia a seguir um novo capítulo começava.

Naquela altura, zangava-me muito com a minha irmã, porque ela tinha uma capacidade criativa superior à minha, tornava um simples lenço da minha mãe num vestido de haute-couture. Por isso, assim que percebia que estava a ser passada para trás a brincadeira acabava rapidamente.

Algo que nunca quis foi ser mãe delas, sempre achei que elas poderiam ter vida própria e ser mulheres profissionalmente bem sucedidas com aptidão para escolherem o homem certo.

Hoje, tornei-me essa pessoa sonhadora e idealista, que vive com a cabeça no mundo da lua 24 horas por dia, sete dias por semana, e que imagina situações inacreditáveis graças a essas bonecas.

Um dia disseram-me que os adultos eram tristes por não se lembrarem da criança que um dia foram. Que eles são tristes por não sonharem.

E eu nesse meu mundo colorido, vejo as cores esvaírem-se cada vez mais.

E eu não quero que isso aconteça. Aliás, acho que ninguém deveria deixar isso acontecer.

A única solução que vejo para nos impedir de parar de sonhar é continuar a recordar.

Recordar a infância, as brincadeiras e os amigos. Fazer brincadeiras de vez em quando, brincar com as Barbies escondidas no fundo da gaveta, passar a criança que vive no nosso interior para os nossos filhos, sem deixar que ela fuja completamente de nós.

16/02/09

Quando eu morrer...



Quando eu morrer... não lancem o meu cadáver
No fosso de um sombrio cemitério...
Odeio o mausoléu que espera o morto
Como o viajante desse hotel funéreo.
Corre nas veias negras desse mármore

Quando eu morrer não me levem flores
porque quem não se lembrar de mim viva,
quem não me der flores viva, ou passe por mim,
não precisa de vir chorar ou apenas certificar de que estou morta.

Sempre pensei que devemos dar importância e estar com as pessoas de quem gostamos enquanto elas estão vivas, depois de mortas não interessa levar muitas ou poucas flores ou se são as favoritas ou não....
Lembrem-se de mim viva e não morta...

Não quero que vistam de preto.
Não quero lágrimas de ninguém.

Quando eu morrer os homens continuarão sempre os mesmos.
E hão de esquecer-se do meu caminho silencioso entre eles.
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.

Quando eu morrer a humanidade continuará a mesma.
Porque nada sou, nada conto e nada tenho.
Porque sou um grão de poeira perdido no infinito.

Moras em mim...



Eu moro em ti e tu moras em mim.

Quando saio sinto a tua falta. Há um pequeno vazio que só tu preenches.

Há alturas do dia em que tu queres voltar para casa e a tua casa chama por ti. Pede o teu abraço, o teu calor e o teu cheiro. Pede o teu olhar, o teu sorriso e as tuas mãos.

Regressamos.

Sim, a tua casa sou eu e tu és a minha casa.

O meu regaço é a tua cama e os teus braços são o meu cobertor.

Nos olhos um do outro vemos o nosso reflexo, vemos a nossa alma.

A tua boca e as tuas palavras são o meu alimento e as minhas mãos são a água fresca que buscas quando tens sede.

Ver o teu sorriso calmo e sincero é como ouvir a minha música preferida e tocares no meu rosto acalma o meu coração.

A minha imagem é o teu quadro mais belo e os meus olhos brilham tornando o nosso dia mais cheio de luz.

Sorrio porque é assim. Eu moro em ti e tu moras em mim.

De repente acordo. Tinha sido só um sonho.

Sim, sonhei que a minha casa era o teu coração.

Um dia...



Um dia quando voltares a ter o meu corpo, por favor devolve-me a minha alma...

12/02/09

Vem felicidade...



Toca-me com tuas mãos macias e firmes.
Envolve-me nos teus braços,
Fazes com que eu feche os olhos.
Penetras no meu coração trancado...

Trazes uma lágrima embrulhada de presente.
Um sorriso num pedaço de jornal.
Uma margarida cheia de vida, arrancada de um jardim alheio...

Vem...
Deixa-me fingir que sou forte.
Deixa-me fingir que não te quero.

Fazes-me ter medo.
De ti, de mim.


Vem felicidade...
Sei que assusta, mas quero-te encarar de frente!

11/02/09

De olhos vendados...



De olhos vendados
Leio cada movimento teu
Vejo cada detalhe do teu ser
De olhos vendados
Folheio-te como a um livro
Delicio-me com cada descoberta

De olhos vendados
Não preciso de imagens
Cada palavra tua
É para mim uma certeza

De olhos vendados
Folheio este livro de nome Amor
O autor
Somos nós
E escrevemos a historia
De olhos vendados.

Alma gémea...




"Uma alma gémea é alguém em cujas fechaduras as nossas chaves servem e que possui chaves para as nossas fechaduras, os nossos eus mais verdadeiros saem e podemos ser completa e honestamente quem somos, podemos ser amados pelo que somos e não pelo que fingimos ser.
Cada um revela a melhor parte do outro."

A Ponte para a Eternidade
Richard Bach

09/02/09

Lágrimas...




Cristais líquidos que caem dos nossos olhos, não por estarmos felizes ou tristes, mas sim porque a gravidade as obriga a cair.

Sim, as lágrimas são um presente belíssimo, pois lavam a alma sempre que necessário.

São as raízes da tristeza e o marco da alegria, são os momentos mais íntimos de um ser, consigo mesmo.

Lágrimas...

O que fazer delas se me parecem no meio da noite?

Como descrevê-las se não gosto de utilizá-las?

Como prendê-las se elas simplesmente caem?

Lágrimas...

Serão sempre lágrimas, quando se perde um grande amor.

08/02/09

Sempre pensei que eramos um só...




Quando me abraçavas e me beijavas, tocavas, afagavas, mordias e até te perdias em mim e eu acabava por me encontrar em ti...

Quando dizias que era bela e me veneravas o corpo e beijavas-me mais de mil vezes e me tornavas a tocar e perdiamo-nos um no outro...

Quando o prazer era tanto, tanto, tanto... queriamos sempre mais e mais e mais...

Porque pensei que eramos um só, naquele instante em que alongavamos até à perfeição suprema de tu me teres a mim e de eu me oferecer a ti.

Um erro que voltaria a repetir outra vez...

07/02/09

Crying...





Não me deixes chorar envolta no pranto da saudade.
Não me deixes esborratar o rosto que tão delicadamente beijaste.
Não me deixes sepultada nas recordações que criámos.
Não me deixes morrer desposada à culpa de não conseguir viver sem ti.
Não me deixes abandonar os alicerces de sanidade que nos enraizaram à terra.
Não me deixes arrancar a pele do corpo que veneraste no luar despido de meia-noite.
Não me deixes aqui, a sonhar-te em vão...

05/02/09

Amor racional ou paixão avassaladora





Será que quero sentir o meu corpo tremer,
Será que quero sentir insegurança cada vez que não telefonas,
Será que quero sentir um frio na barriga cada que te vejo,
Será que quero sentir ciúmes,
Será que quero sentir que sem ti não vivo,
Será que quero sentir o meu mundo nas tuas mãos,
Será que quero perder a minha individualidade,
Será que quero ser irracional,
Será que quero depender intensamente dessa paixão.

Ou será preferível jogar pelo seguro?

Saber que te amo mais que tu a mim,
Dominar a situação,
Jamais sentir-me vulnerável,
Saber que não morrerei se te perder,
Seja eu quem for, que me amarás incondicionalmente,
Que não serei eu a sair magoada do relacionamento,
Que não preciso de ti como do ar para respirar...


Eu tenho a minha verdade, que vale o que vale.
Limitada na minha própria subjectividade, compreendo que só amo o que admiro e respeito.

03/02/09

Já passou tanto tempo e ainda sonho contigo...



Quando sonho contigo, sinto o sonho vivo
Não dói, não sofro... apenas sonho
Tenho livre vontade de dizer
De sentir
De viver de novo o passado
Neste presente inexistente
No qual já não somos,
Permanecemos
Insistindo numa existência sem sentido
Para a qual o fim já aconteceu
E eu recuso a reconhecê-lo
Quando sonho contigo, sinto o sonho vivo
Sinto ainda vivo em mim
Não dói, não sofro... apenas sonho
Corre livre a vontade, de dizer
De sentir
De viver de novo o passado
Neste presente que nego
A tua ausência,
Permaneço
Insistindo num sentimento acabado
Para o qual espero o recomeço
E recuso esquecer-te...
Enquanto sonhar contigo, sentirei o sonho vivo
Não irá doer, não irei sofrer... apenas sonharei
Irei apenas sentir
Viver de novo o passado
Num presente que irei negar
Ainda a tua ausência,
Ficarei
Insistindo na existência de um sentimento por terminar
Para o qual viverei
Sempre na esperança de outro sonho alimentar...